segunda-feira

Eu Sou o Livreiro de Cabul

Quem leu O Livreiro de Cabul, de Åsne Seierstad, precisa conhecer Eu Sou o Livreiro de Cabul, ajuste de contas escrito pelo próprio Livreiro, Shah Muhammad Rais. O primeiro, best-seller mundial, narra o dia-a-dia de uma família afegã num país submetido à guerra e à violência dos costumes. Eu Sou o Livreiro de Cabul é o tão esperado depoimento do protagonista que a jornalista norueguesa descreveu de forma polêmica em seu livro-êxito. Rais se mostra insultado, traído, e lamenta uma interpretação que se equivoca na essência, culpando-o com gravidade, quando, segundo ele, cada ato seu é ditado pela realidade que o circunda e à qual não pode escapar.
Adotando a narrativa como um diálogo permanente com figuras mitológicas da Noruega, os trolls (entidades mágicas onde a verdade é buscada para que a justiça se restabeleça), de alguma forma Shah Muhammad Rais chega à ironia máxima: o que foi denúncia deve ser denunciado; a acusadora virou acusada. O autêntico Livreiro sugere aqui que, se Seierstad não soube enxergar as profundas diferenças entre uma pátria rica e confortável, a Noruega, e um Afeganistão torturado por pressões sociais e religiosas, cometeu, mais que um livro, mais que um escândalo, um crime - um crime sem punição possível, que somente poderá ser abrandado com a mesma arma que ela usou: um livro.
"A que museu eu deveria mandar meu filho de doze anos para elevar seu orgulho e sua auto-estima se o Museu Nacional foi saqueado por contrabandistas que roubaram artefatos ancestrais e antiguidades de até seis mil anos de existência?", escreve o Livreiro. "A que biblioteca eu deveria mandar meu filho de doze anos se todas as bibliotecas foram danificadas e o Talibã queimou todos os livros infantis, muitos deles maravilhosamente ilustrados?"
Eu Sou o Livreiro de Cabul, de Shah Muhammad Rais, faz refletir, causando um profundo impacto acerca da abismal diferença entre os modos de vida ocidental e oriental.

LEIA UM TRECHO:

"...Ainda não havia amanhecido. Eu tinha algum tempo antes de voltarmos para Karachi, conforme o combinado. Movíamo-nos como num filme; num minuto estávamos junto aos muros da cidade, no seguinte víamo-nos diante da casa de um parente. Mas eu ainda não havia compreendido completamente que tinha pegado carona nos poderes mágicos dos trolls até subirmos à cidadela Bala Hissar por um caminho totalmente minado e com bombas não-detonadas sem sofrer um arranhão sequer.
— Quando Âsne Seierstad estava morando conosco — eu disse, enquanto olhávamos a vista da cidade bem pouco iluminada —, o meu segundo filho mais velho costumava ajudá-la a resolver problemas em seu computador. Ele era muito bom em processadores de texto. Naquela época, o melhor lugar para meus filhos aprimorarem seus conhecimentos era o Hotel Continental, onde moravam de quinhentos a seiscentos estrangeiros. Eles iam para lá se divertir e aprender mais sobre o mundo diferente do deles. Mas eles não trabalhavam doze horas por dia, tampouco o que faziam era obrigatório. Exatamente no dia em que as escolas reabriram, meus filhos estavam entre os primeiros a passarem pela sua porta para voltar a estudar. Meu filho e minha filha que moram no Canadá estão hoje entre os melhores alunos de suas escolas e receberam vários diplomas de louvor..."

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