sábado

À Espera De Um Milagre

Histórias de condenados à cadeira elétrica são, por si só, interessantes. Agora, imagine quando uma delas é contada pelo mestre do suspense e terror Stephen King. Melhor que imaginar é ler este desconcertante À Espera de Um Milagre. O título original do romance, que foi publicado de forma serializada em seis volumes, em 1996, é "O Corredor da Morte". Mas como no cinema o filme inspirado no livro ganhou esse novo nome, as editoras aproveitaram a oportunidade de marketing para renomear as novas edições. Não faz diferença. O que conta é a história e a forma magistral como é narrada. O enredo é simples: internado em um asilo para idosos, o ex-carcereiro Paul Edgecombe (interpretado por Tom Hanks, no filme que estréia em 10 de março no Brasil) relembra a história de John Coffey, um gigante de dois metros e cinco de altura, negro e com cento e quarenta quilos, condenado à cadeira elétrica sob a acusação de ter estuprado e assassinado duas garotinhas, as gêmeas Cora e Kathe Detterick. Cada página representa um passo de Coffey rumo à execução. Cada página representa a possibilidade de sua salvação. Cada página representa a visão de Stephen King sobre a mais polêmica das questões do Estado moderno: a pena de morte. Um livro para quem tem nervos de aço. --por Hamilton dos Santos

LEIA UM TRECHO:

"...O Percy retirou o saco negro do gancho e enfiou-o pela cabeça do Del, cobrindo-lhe o rosto e apertando-o bem por baixo do pescoço do pequeno homem, a fim de esticar o orifício do topo. Retirar a esponja que se encontrava dentro do balde e colocá-la dentro do capacete era o passo seguinte; foi aqui que o Percy se afastou da rotina pela primeira vez: em lugar de se debruçar para retirar a esponja do balde, agarrou no capacete de aço que se encontrava pendurado nas costas da cadeira e inclinou-se com ele na mão. Por outras palavras, em vez de levar a esponja ao capacete - o que teria sido a maneira lógica de proceder - levou o capacete à esponja. Nessa altura, eu devia ter compreendido que alguma coisa não estava bem, mas a realidade é que me sentia bastante perturbado. Aquela foi a única execução em que participei onde me senti inteiramente à margem dos acontecimentos. Quanto ao Brutal, nem sequer chegou a lançar um olhar ao Percy, pelo menos quando este se debruçou sobre o balde (de forma a bloquear o nosso ângulo de visão, impedindo-nos de ver o que estava a fazer), nem tão-pouco quando ele se endireitou e se voltou para o Delacroix, com o capacete nas mãos e o círculo de esponja castanha já no seu interior. Entretanto, o Brutal olhava para o bocado de tecido que ocultava as feições do Del, observando a forma como a seda negra fazia uma concavidade onde se delineava o formato da boca do condenado, para logo em seguida se enfolar com a sua respiração. A testa do Brutal estava perlada de gordas gotas de suor, o mesmo acontecendo às fontes logo abaixo da linha do cabelo..."

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